sábado, 30 de março de 2013

Ser vegetariano é válido para a biodiversidade?





O hábito de não comer carne tem crescido na sociedade brasileira nos últimos anos, isto é um fato. Outro fato é que o maior motivo da diminuição de biodiversidade no planeta é a perda de habitat, sobressaindo à poluição, à caça e ao extrativismo, não diminuindo o impacto destes na perda da biodiversidade. Outro ponto ainda é que a extensiva pecuária tem sido causa comum de desmatamentos no Brasil.

Logo, uma pergunta importante surge: a diminuição da pecuária implica na diminuição da perda de biodiversidade? A resposta é NÃO!
Conversando com alguns vegetarianos recentemente percebi que é opinião ampla deles a substituição das proteínas animais por proteínas obtidas na soja e nos seus derivados. O que pode ser extremamente interessante para a saúde de cada indivíduo, porém não tem tanto impacto positivo na diversidade da Terra.

Isso porque os motivos da perda de biodiversidade são confusos em relação à ordem dos fatores, mas a bovinocultura, o extrativismo vegetal, a mineração e a agricultura certamente estão entre os principais motivos da perda de biodiversidade. Daí é notório que quando um indivíduo deixa de comer carne e vai buscar os nutrientes oriundos da soja está estimulando o plantio desta, o qual é principal motivo (dentro da agricultura) pelo desmatamento, e desta forma corresponde a um grande dilema: não como carne para evitar o desmatamento por causa da pecuária, mas se como soja estimulo o desmatamento para a agricultura.

O problema na verdade não está em comer carne ou soja, mas sim a quantidade de pessoas no mundo que estão se alimentando desses bens de consumo. Hoje vivemos uma grande crise ecológica, mas esta crise tem por princípio uma crise populacional. É evidente que atualmente o Planeta tem mais pessoas do que comporta e naturalmente é insustentável a alimentação dessa população sem impactos ambientais.

É necessário ressaltar que a pecuária gera excessivamente o gás metano, altamente eficiente no efeito estufa, enquanto que a cultura de soja não gera esse problema, pelo contrário, durante algum tempo até sequestra carbono. Por outro lado as monoculturas de soja exigem atualmente requisitos extremamente impactantes, como os defensivos agrícolas, o que também é ponto negativo do ponto de vista ambiental, mas não para as mudanças climáticas.

No saldo relacionado às mudanças climáticas a agricultura ainda leva vantagem, mesmo sendo extremamente prejudicial à perda de biodiversidade, porém em relação à perda de biodiversidade ser vegetariano somente por este motivo não trás grandes vantagens para a Natureza.

E vocês, concordam?

terça-feira, 24 de maio de 2011

O que posso fazer no meu trabalhou ou na minha empresa por um mundo melhor?


Responsabilidade social (RS) e sustentabilidade são termos atualmente muito utilizados nos mais diversos tipos de organizações. Mas, o que é? O que fazer? Como fazer? Hoje tentarei responder tais questionamentos.

Primeiramente, as definições mais usuais de RS e sustentabilidade são, respectivamente:

“RS é um conceito segundo o qual, as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. Com base nesse pressuposto, a gestão das empresas não pode, e/ou não deve, ser norteada apenas para o cumprimento de interesses dos proprietários das mesmas, mas também pelos de outros detentores de interesses.”;

“A sustentabilidade preconiza que o desenvolvimento deve satisfazer às necessidades da geração presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras.”.

Naturalmente uma organização que preza por tais conceitos tem, em teoria, um reconhecimento da sociedade por contribuir para um mundo melhor e consequentemente um melhor desempenho de suas atividades. È principalmente por este motivo que muitas empresas têm procurado realizar ações sustentáveis e que sigam a filosofia da RS. Entretanto, pela falta de experiência e profissionais adequados, diversas organizações estão sofrendo com a problemática de como promover ações dessa natureza.

Geralmente, diante dessa dificuldade comum de muitas empresas é necessário haver uma sequência de eventos para o surgimento adequado da RS e da sustentabilidade: ter a CONSCIÊNCIA dos impactos que causa e dos benefícios que pode trazer para a sociedade, assumir a RESPONSABILIDADE pelos seus impactos ambientais e ter a VONTADE de dar esse retorno à sociedade. Após esta sequência o que deve acontecer é dar o primeiro passo, o qual geralmente é uma dúvida terrível, e que segundo vários profissionais da área o mais adequado é a criação de um comitê de RS e/ou de sustentabilidade. Daí em diante o comitê é que terá, principalmente, a função de OBSERVAR o que é impactante e o que pode ser mitigado; IDEALIZAR, PLANEJAR E EXECUTAR projetos de RS e/ou sustentabilidade; promover PARCERIAS para a execução de seus projetos; definir o que é a CONFORMIDADE dentro da organização; entre outras atribuições.

Outra premissa importante para a implantação da RS e/ou sustentabilidade é “começar do início” (o pleonasmo é válido). Falo das coisas mais simples e que geralmente se fala muito, como a reciclagem, a reutilização, a economia, etc. Porém, com o amadurecimento das ideias e dos projetos é necessário que cada comitê dê sua contribuição de forma diferenciada, pois cada organização é diferenciada das demais.

Contudo, a implantação da RS e da sustentabilidade em organizações públicas ou privadas, grandes ou pequenas é muito difícil, porém é possível e se nós quisermos podemos fazer, pelo menos é o que os exemplos nos mostram. E quem sabe, o sucesso da RS e/ou da sustentabilidade esteja em pensamentos simples, como: o que realmente é necessário ser impresso? Devo realmente usar materiais descartáveis? Aquela lâmpada está no lugar adequado? O que posso fazer por uma família carente? Entre outras tantas reflexões que deveriam ser feitas diariamente nas organizações.

E vocês, concordam, discordam, acrescentam?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Por que conservar a natureza? Você sabe?


Certa vez vi um amigo de profissão ser questionado quanto às razões que motivam a conservação. O curioso questionador disse: “todo mundo diz que conservar é bom, mas por que é bom?”. Achei um questionamento excelente, porém no mesmo instante fiquei extremamente triste ao perceber que meu colega não conseguiu responder satisfatoriamente essa pequena e complexa pergunta. Com isso nasceu em mim a vontade de vir aqui tentar agregar valores à ideia de conservação para tentar responder este questionamento que muitos, mesmo sendo militantes da causa, não conseguem ainda responder. Contudo, vou expor esses valores de uma forma geral e tentar exemplificar mais detalhadamente cada um deles.

Valores éticos e morais – nós seres humanos não possuímos o direito moral de extinguir ou acelerar a extinção de nenhuma espécie do planeta, não possuímos o direito de deixar o mundo pior para as gerações futuras. Quem delegou ao ser humano o poder de interferir negativamente na natureza? Será que nós não somos somente mais uma peça do grande conjunto natural da Terra (no aspecto biológico)? O que nos dá o direito de deixarmos o planeta mais poluído, mais quente, menos biodiverso para as gerações futuras?

Valores estéticos – como seria o impacto visual do litoral de Alagoas sem seus mangues? Ou olhar o Rio de Janeiro com seus inúmeros morros sem a cobertura vegetal natural? Como seria a vista de Fernando de Noronha sem encontrar seus golfinhos em seus arredores ou se as ilhas do arquipélago fossem apenas um monte de pedras e escassos arbustos?

Valores econômicos – já pensaram na quantidade de serviços que a natureza presta para o ser humano sem cobrar nada? Já pensaram se fôssemos pagar pelo captura de CO2 e liberação de O2 que as plantas fazem? Ou quanto gastaríamos de tempo, energia e dinheiro para fazer mecanicamente serviços ambientais como a ciclagem de nutrientes minerais? E os serviços que nós realmente cobramos monetariamente, como o ecoturismo e a venda de água, qual seria a perda econômica sem a conservação da natureza? Quantas serão as espécies que podem ser utilizadas para fins econômicos e que quem sabe o homem já as extinguiu ou as extinguirá antes mesmo de descobri-las?

Valores essenciais à saúde humana – se continuarmos com o mesmo padrão de vida insustentável como será a qualidade de vida no futuro? Quanto consumiremos de toxinas diariamente porque a ciclagem do ar atmosférico não será suficiente? Como será o padrão de vida do ser humano relacionado a sua saúde com o aumento constante da temperatura do planeta? Quantas serão as espécies medicinais que serão extintas independentemente do ser humano já conhecê-las ou não? Como será a saúde do ser humano com uma possível escassez de água potável em um futuro quem sabe até próximo?

Valores individuais de cada espécie - a conservação da natureza também precisa ser pensada de uma maneira não tão holística, mas individual, pois cada espécie possui uma ou mais funções essenciais para o equilíbrio do conjunto. Vejamos o caso hipotético de uma espécie de ave que está em vias de extinção, mas que por não possuir um valor econômico (geralmente beleza de suas penas ou canto) a maioria das pessoas se pergunta: “por que ter tanta preocupação com esse passarinho?”. Porém, poucos atentam que aquele “passarinho” pode ser o único dispersor de sementes de uma espécie vegetal, que por sua vez abriga inúmeras outras espécies como animais, plantas, microrganismos, etc., que é importante na alimentação de outras espécies, que é ainda componente importante na conservação do leito ou nascente de um rio, dentre outras inúmeras funções possíveis.

Caros amigos, meu objetivo é demonstrar que realmente conservar é bom, pois sou estranhamente preocupado não só com a conservação em si, mas também com o amadurecimento das ideias e com o próprio conhecimento. Acredito seriamente que não somente os profissionais de uma meia dúzia profissões devem conhecer os motivos para conservar, mas todo aquele que acredita que a conservação é boa e necessária. Espero que eu tenha atingido meu objetivo.

E vocês, concordam, discordam, acrescentam?

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ecossocialismo: possível consequência futura dos nossos atos de hoje


Caros amigos, coloco aqui questões que possivelmente influenciarão o nosso futuro e o futuro dos nossos descendentes: a intervenção do Estado no modo de vida da população por motivos ecológicos. Por favor, não confundam o que aqui chamo de “Ecossocialismo” (que não é uma ideia minha, mas uma ideia já discutida há algumas décadas) com a intervenção econômica e social realizada pelo Estado conhecida mundialmente como “Socialismo”. Na verdade, o que desejo é demonstrar possíveis acontecimentos futuros que poderão ocorrer se a Educação Ambiental (discutida no post anterior) não for suficientemente eficiente para que nós controlemos a destruição do planeta que vem acontecendo há séculos. Por motivos óbvios é que chamo tanto a atenção para nossos atos individuais, pois estes poderão ser a origem de um futuro menos livre. Colocarei abaixo alguns pontos que penso serem bem possíveis de ocorrer.

1 – os filhos – a crise ambiental que estamos vivendo na verdade é fruto de uma crise populacional mundial. Atualmente há mais seres humanos no planeta que sua capacidade de suporte (em ecologia designada pela letra “K”), além disso, a superpopulação mundial hoje vive de forma não sustentável. Pela soma desses dois fatores, no meu entendimento, os Estados deverão impor medidas para o controle de natalidade, o que já ocorre na China. Penso ainda que esta medida deveria ser tomada em países como o nosso antes de sentirmos os impactos que fizeram com que a China tomasse tal medida;

2 – quotas – por motivos palpáveis há a possibilidade de no futuro termos quotas de luz elétrica, de água encanada, combustíveis automotores e quem sabe até de alimentos, isso tudo por um motivo visível: a escassez destes recursos no futuro;

3 – o transporte coletivo – possivelmente por uma questão de emissão de gases poluentes e pela frota incabível de veículos os governos poderão adotar medidas para incentivar cada vez o uso de transportes coletivos. Tais medidas poderão ser pedágios para veículos com apenas um passageiro ou a quota de combustível por veículo, como já foi dito;

4 – apartamentos versus casas – a tendência futura é que cada vez menos as pessoas possam ter casas e cada vez menos as casas sejam grandes, isto porque com uma superpopulação crescente a necessidade de áreas urbanizadas para habitação cresce e com isso áreas rurais passam a ser urbanizadas (isso é notável em cidades em expansão), logo, com o aumento da população, demanda maior de alimentos e redução de áreas rurais agricultáveis as áreas preservadas serão o alvo para produzir alimentos e com isso naturalmente o desmatamento ocorreria. Diante disso, para se evitar ainda mais o desmatamento, casas e mansões num futuro próximo serão escassas;

5 – bens tecnológicos – a aquisição desenfreada de bens tecnológicos é tão impactante que possivelmente também teremos quotas para a aquisição de celulares novos, câmeras, computadores, entre outros, já que atualmente utilizamos determinados bens tecnológicos como se fossem descartáveis;

6 – a questão da obesidade – no futuro é possível que o Estado adote medidas para evitar a obesidade na população por um motivo claro: um obeso consome mais alimento, mais produtos de higiene, mais água, mais tecidos para roupas, etc. Acredito que tais medidas poderão ser no âmbito educacional e clínico para evitar a obesidade e diminuir os índices de pessoas nesta “categoria”, como também medidas mais drásticas como preços de passagens diferenciadas ou tributações diferenciadas para roupas tamanho GG. Acredito que estas seriam as medidas mais difíceis, pois haveria aí um grande dilema envolvendo a discriminação e um bem maior envolvendo toda a população humana.

7 – a dificuldade de fazer festas – imaginemos uma sociedade com quotas para inúmeros bens de consumo. Então quem deixaria de se alimentar bem o mês todo para fazer comemorações, ou quem deixaria de ter seu banho com água quente ou usar sua TV para fazer festas com grandes sons como temos hoje?

É importante dizer que estas são apenas algumas situações futuras que poderemos viver se não mudarmos nossos costumes e que coloco aqui algumas poucas possibilidades de intervenções do Estado, porém sei que estas não acontecerão de uma hora para outra, mas sim gradativamente.

Por fim, gostaria de deixar aqui alguns questionamentos para nós refletirmos um pouco.

Esse é o futuro que você deseja para você e sua família? Você já tinha pensado nessas possibilidades para o futuro? Quais outras medidas poderão ser tomadas de acordo com seu modo de ver? Será que tais medidas realmente são possíveis? O que cada um pode fazer individualmente para evitar este futuro?

Caros amigos, o que pensam?

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Educação ambiental no Brasil: uma gota de álcool num mar de água


Atualmente é comum falarmos e ouvirmos sobre desenvolvimento sustentável, aquecimento global, mudanças climáticas, preservação da biodiversidade, enfim, um conjunto de assuntos muito atuais que a todo instante são citados por rádios, televisão, jornais, revistas e por nós mesmos. Mas o que realmente sabemos sobre tais assuntos? Ou pior, o que realmente nossos filhos saberão sobre estes assuntos? Este segundo questionamento é expressamente o que mais me preocupa!

Acredito veementemente na educação, e assim como Tozoni-Reis (2008) penso que a Escola foi, historicamente, a instituição social “escolhida” pela humanidade para cumprir a tarefa de educar e de preparar o ser humano para o mundo. Porém, até que ponto a Escola tem sido assim no tocante à educação ambiental no Brasil? Já que no ensino fundamental e médio não há uma disciplina específica sobre o tema nem um programa de inserção de educação ambiental de forma multidisciplinar.

Outro fato importante aliado à falta da inserção marcante e delimitada de educação ambiental na educação básica formal do Brasil ou a não aceitação da educação ambiental nas escolas, como cita Marques (2008), é a “máquina mortífera” da TV brasileira, que informa, mas não ensina. Um bom exemplo disso: inúmeros programas da TV mostram que preservar é bom, porém nunca nenhum diz o porque preservar é bom. Se você que está lendo agora já cursou nível superior, a depender do curso, terá condições de responder este questionamento, mas a massa brasileira, por mais que tente se informar, dificilmente saberá agregar algum valor à preservação da biodiversidade. E este não é o grande problema, o que realmente é preocupante é o futuro, pois nossos filhos viverão em uma época mais exigente e poderão não estar preparados porque só saberão o motivo da biodiversidade ser boa, que a troca constante de celular é muito impactante e que o desperdício de comida influi no desmatamento de florestas quando estiverem adultos (ou cursando nível superior que ensine estas coisas), pela força e não pela coerência, possivelmente com vícios de rotinas e com dificuldades à adaptação ao modo de viver que poderá ser até imposto.

Isso tudo pode ser mudado, e a hora está passando, e somos nós que estamos deixando para lá. É comum nos preocuparmos com a educação dos pequenos sobre matemática, história, português, física, mas qual pai pergunta quando vai matricular seu filho como é a educação ambiental na escola (escolas particulares)? Qual pai que faz parte da gestão participativa de escolas públicas questiona a inclusão organizada da educação ambiental? Temos de fazer algo, na condição de pai, irmão, primo, educador, este é o momento de darmos nossa contribuição para a educação ambiental, para nossos pequenos e para o futuro do planeta. É necessário não deixarmos a educação ambiental somente para as ONGs e empresas impactantes. O Brasil precisa de educação ambiental formal e na base para a formação de mentes pensantes e preparadas para um futuro ainda muito incerto.

E vocês, o que pensam?


Referências

Marques, R. 2008. Não Ganhamos nada por esperar. In: Ministério do Meio Ambiente. Os diferentes matizes da educação ambiental no Brasil 1997 – 2007. Brasília: MMA. - http://portal.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/livros/Livro-Educa%C3%A7%C3%A3oAmbiental.pdf

Tozoni-Reis, M. F. C. 2008. A inserção da educação ambiental na escola. In: Ministério da Educação. Educação ambiental no Brasil. Brasília: TVescola. - http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/164816Educambiental-br.pdf